Categoria: Economia

Sunak entre o austero e o prudente

https://www.bbc.com/news/uk-politics-56266773

Rishi Sunak outside 11 Downing Street
O chancellor Rishi Sunak.

Hoje, o chancellor of exchequer (equivalente ao cargo de ministro das financas) britânico Rishi Sunak anunciou as medidas econômicas para o ano fiscal de 2021 em seu discurso ao parlamento que é conhecido como budget speech. O tom austero e prudente foi a marca das palavras de Sunak ao mesmo tempo que prolonga o esquema de pagamento de 80% dos salários de funcionários de pequenas empresas junto com um aumento sobre o imposto de lucros para as grandes empresas.

As medidas de Sunak mostram um equilibrio entre o neoliberalismo e o keynesianismo sob a ótica do pragmatismo. Ao defender o investimento público por meio do esquema de pagamentos de salários, a criação de um banco de fomento e o congelamento dos imposto de renda para o contribuinte fica claro a visão keyneysiana onde o gasto governamental é fundamental para o crescimento econômico durante uma pandemia.

A ótica neoliberal está no jargão balance the books. Ou seja, equilíbrio das finanças públicas. O aumentos de impostos por meio de taxação de lucros de grandes empresas ao mesmo tempo que manterá a tabela de cobrança por renda congelada entre 2021 a 2026 no piso de £12.250 a 50.000 pounds. O diagnóstico foi preciso ao falar que os empréstimos públicos no mercado ficaram na casa de 355 bilhões de pounds e que o déficit fiscal poderá chegar a 10% do PIB em 2021.

Sunak anunciou a criação de um plano de descentralização econômica que envolve investimentos em regiões como o norte da Inglaterra junto com a construção de um posto avançado do tesouro britânico no condado de Darlington para sair do londoncentrismo junto com os novos 8 freeports. Além das obras públicas como a linha de trens HS2 e a reforma do metrô de Londres por meio da Crossroad 2 mostram uma visão prudente sobre a economia britânica.

O chancellor tenta mudar o panorama da economia britânica diante de desafios como a pandemia e seus efeitos colaterais. As medidas mostram que a responsabilidade das contas públicas como uma maneira de impulsionar os gastos públicos em um momento onde a economia precisa de amparo governamental deixam claro que Sunak tem um longo desafio em duas frentes sob a ótica neoliberal e keyneysiana que se unem sob o pragmatismo de momento.

O Summer Statement

Hoje, o chancellor of Exchequer Rishi Sunak irá ao parlamento britânico para fazer o summer statement. Esse procedimento é comum na economia britânica porque é uma revisão das medidas anunciadas no budget. Esse é o primeiro SS na Era Sunak devido ao recentes acontecimentos como a pandemia do Covid-19 e a forte intervenção estatal no cenário econômico.

Sunak promete novas medidas de alívio econômico no valor de 180 bilhões de pounds como uma forma de mitigar os efeitos da crise econômica. Os cortes de gastos que eram comuns nos tempos de George Osborne dão lugar a um tempo de investimento pesado na economia bancado pelo estado britânico. O que é inédito para o partido conservador na era pós-Thatcher.

Os temores que o esquema de pagamento de salários pelo estado britânico conhecido como Furlough Scheme seja revisado ficam evidentes. A Shadow Chancellor trabalhista Annalise Dods já externou essa preocupação devido ao fato de termos uma precarização do emprego devido as recentes reformas no sistema de bem-estar social promovidas pelo então premiê David Cameron.

Hoje, os trabalhistas irão se reinventar como força política. Após a era de maoismo econômico representada pelo ex-shadow chancellor John McDonnell. Annalise Dods adota uma postura pragmática ao encarar uma realidade onde o eleitorado exige uma melhora sensível no estado de bem estar social que foi fortemente prejudicado pela pandemia.

Se nos filmes trágicos de Ken Loach vimos o desespero econômico e social de uma nação que não conseguiu se reerguer em momentos como o Tchaterismo e o New Labour devido a teoria da culpa da hegemonia neoliberal. Hoje, veremos o chancellor Rishi Sunak falar de reformas econômicas ou até mesmo a ampliação do estado de bem-estar social. Este é o summer statement.

As falas ao CBI

A campanha eleitoral no Reino Unido mostra que os candidatos terão que explicar a política econômica que irão implantar quando tomarem posse do cargo de primeiro-ministro em dezembro. Boris Johnson (Conservadores), Jeremy Corbyn (Trabalhistas) e Jo Swinson (Liberal-democrata) foram a conferência da CBI para falar sobre isso.

A CBI é a uma associação dos empresários britânicos. Em época de eleição, os líderes partidários tem de ir na conferência anual para explicar a política econômica que pretendem por em prática. Hoje, a congresso da CBI foi importante por estabelecer os objetivos dos candidatos a premiê antes do lançamento dos manifestos que serão publicados nessa semana.

Jo Swinson afirmou que os liberais-democratas são o partido dos negócios e defendeu a permanência do Reino Unido na União Europeia. O primeiro-ministro Boris Johnson defendeu um amplo corte das taxas de juros para os pequenos negócios junto com o congelamento de tarifas e impostos. Corbyn afirmou que os trabalhistas defendem um acordo de livre-comércio com Bruxelas que possa criar empregos em Londres.

A novidade ao vermos três líderes partidários discutirem economia com a classe empresarial é importante para o futuro britânico. A CBI emitiu uma nota no último final de semana onde fez duras críticas a trabalhistas e conservadores devido a falta de clareza nas propostas econômicas junto com um populismo político.

Isso se deve a proposta trabalhista de nacionalizar a empresa de telecomunicação BT para garantir a expansão da internet Wifi por todo o país junto com o projeto conservador de romper laços econômicos com Bruxelas que iria causar graves problemas para a economia britânica nos próximos anos.

Isso mostra que teremos um longo debate pela frente.